sábado, 14 de julho de 2012


O DESCONTENTAMENTO



 (Fp 4.11, 12; 1Tm 6.8).
  O APÓSTOLO PAULO foi um grande servo de Deus, que exerceu seu ministério com uma vida totalmente consagrada ao Senhor e à Sua Obra.
  Ele ganhou vidas para Cristo, cuidando muito bem delas, até levá-las à condição de verdadeiros discípulos do Senhor.
 Paulo plantou e consolidou igrejas em várias cidades, lidou com pessoas das mais diversas culturas e costumes, fez um trabalho admirável, até para os nossos dias, levando-se em consideração as limitações do seu tempo.
   Em todos os seus escritos Paulo destaca a necessidade do crente (de qualquer lugar ou cultura) viver contente. Desde aquela época ele já compreendia que o descontentamento pode se tornar um perigo na vida de um servo de Deus.
   Acerca de sua própria experiência, Paulo fala: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiências, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez” (Fp 4.11). E também: “Tendo sustento e com que nos vestir estejamos contentes” (1Tm 1.8).
  CRENTE DESCONTENTE (não importa a causa) é uma pessoa tendente a cair em situações condenáveis por Deus e se tornar uma presa fácil de tudo que é mau. Daí Paulo mostrar a sua própria situação, suas lutas, suas dificuldades e ainda dizer “estejamos contentes”. A própria Palavra, de um modo geral, fala, mais de 360 vezes a expressão bom ânimo, ou similar. Meu avô dizia que “temos que fazer de tudo para que uma pessoa esteja contente.
  Uma pessoa descontente pode se tornar desanimada; e uma pessoa desanimada, mesmo sendo ajudada de um lado, ela cai para o outro lado”. Portanto, se quisermos ter uma vida vitoriosa não podemos estar descontentes em tempo algum. Sempre contentes, não importando as circunstâncias, sempre contentes!
O DESCONTENTAMENTO nos vem quando estamos vivendo momentos bons. De repente somos assaltados por essa situação, e começamos a andar de um lado para o outro, tentando resposta para tal descontentamento. Esse é um momento de perigo, pois o descontentamento pode nos levar a duas principais situações perigosas, como veremos aqui .
NÃO DEVEMOS CONFUNDIR descontentamento com acomodação. Não podemos ser acomodados; sempre devemos estar lutando para que as coisas realmente aconteçam, e não ficar simplesmente esperando. Contudo, se não estivermos apercebidos o descontentamento poderá nos atingir.
  A mesmice, as rotinas do dia a dia, as facilidades de conseguirmos a maioria das coisas, as múltiplas opções que temos quando queremos algum produto ou bem de consumo, desde uma marca de massa de tomate, até à marca ou modelo de um carro, parece que vai tornando tudo tão banal, tão comum... Isso pode nos levar a um inexplicável sentimento de descontentamento.
 PRIMEIRAS COISAS que costumamos fazer quando estamos descontentes é tentar mudar, ou trocar alguma situação. Muitos crentes mudam de discipulador, outros mudam de igreja, outros querem que troque o pastor. E outros, infelizmente, na tentativa de sair do descontentamento trocam até de cônjuge (principalmente o homem troca de esposa) e com isso complicam ainda mais a sua vida.
 NA BÍBLIA a história de dois rapazes que tinham tudo, mas estavam descontentes. Na conhecida história bíblica do filho pródigo, em Lc 15.11-32 identificamos esses dois rapazes.
   O mais moço mostrou todo o seu descontentamento quando disse ao seu pai: ”Pai, dá-me a parte dos bens que me cabem”. Ele estava descontente com a vida que levava, apesar das riquezas e “pão com fartura”. Ele reivindicou a sua parte na herança, aquilo que lhe era de direito. Ele não estava roubando e nem usurpando algum direito. Ele queria receber a sua bênção, a sua herança.
  O grande problema é querermos a bênção antes da hora. Aquele jovem tinha todo o direito de sua herança, mas tinha que ser no tempo certo, depois da morte de seu pai. Ainda hoje é assim. Mesmo aquilo que temos direito, deveremos receber no tempo certo, no tempo de Deus.
     Isso se aplica aos relacionamentos que visam o casamento, o próprio casamento, a compra do carro, etc., etc. Deus quer nos dar tudo isso, mas o descontentamento nos leva a querer a bênção antes da hora.
QUANTAS PESSOAS, descontentes com a vida de solteiros (uma excelente fase da vida para quem sabe administrá-la) se precipitam em casar-se na hora errada.
  Não esperam o tempo de Deus e adquirem problemas muito sérios, às vezes para resto da vida. Outros, descontentes por não terem uma condução, e diante da facilidade de crediário, se precipitam em comprar um veículo que ainda não era tempo de comprar.
   Tinha que esperar a estabilidade do emprego, juntar mais dinheiro, ou equilibrar melhor a vida financeira. Contudo não o fizeram, e alguns vão sofrer por causa da precipitação.
 A VIDA DA QUELE rapaz (o que pediu a herança que tinha direito) percebemos que ele DESISTIU da vida que levava e passou a buscar outro estilo de vida. Depois de receber a herança, passados não muitos dias, juntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante.
  Jovem, saudável e rico, arrumou muitos amigos, esbanjando tudo quanto tinha em uma vida dissoluta, inconveniente, de muitos prazeres carnais.
 MUITAS BÊNÇÃOS para nós. Mas quando forçamos receber a bênção antes da hora, isso se torna em maldição.
   Tudo tem que acontecer na hora certa. Por exemplo: O descontentamento com a vida de solteiro leva o jovem à precipitação de um casamento mal programado, confuso, que termina em sofrimento e divórcio.
   O tempo de solteiro é um dos melhores tempos para a moça e o rapaz. Mas o descontentamento com a “solteirice” pode levá-los ao perigo de um casamento infeliz. Casamento é bênção, quando direcionado por Deus, e quando ocorre no tempo certo, no tempo de Deus.
    Aquele jovem não esperou o tempo de receber a herança. Pegou a bênção fora do tempo e foi pro mundão. E tudo o que era pra ser bênção se tornou em maldição.
MEU PAI falou-me em várias oportunidades: “meu filho, de onde se retira e não se faz reposição, acaba”. E foi isso que aconteceu com aquele jovem. Gastou muito, não fez reposição, a grana acabou, os amigos sumiram, sobreveio àquele país uma grande fome e aquele jovem começou a padecer necessidades. Não tinha capacitação profissional, o único emprego que conseguiu foi o de cuidar de porcos.
   Que degradante, um judeu cuidando de animais que para eles era imundo. E o pior: a fome era tanta que ele desejava comer da comida dos porcos, e ninguém lhe dava nada.
  Tudo porque o descontentamento com a vida que levava o fez desistir de tudo, desistir do pai, da fazenda, do irmão e dos companheiros de convívio. Na sua desistência tomou para si uma bênção fora da época, para a qual ele ainda não estava preparado. Agora estava ali, cuidando de porcos, e sentindo tanta fome que desejava comer junto com os porcos, mas não lhe foi permitido.
  Alguém aqui se identifica com essa história? Você quer desistir da boa vida de solteiro e se casar precipitadamente? Alguém aqui está reivindicando a sua bênção antes da hora? Adquirindo algo importante, como carro, moto, casa, só para aparecer para as outras pessoas? Isso é muito perigoso. A bênção antes da hora se torna em maldição.
 AQUELE  jovem teve oportunidade de rever sua situação. Nos versículos 17, 18 e 19 está escrito: “Então, caindo em si, disse: quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e perante ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus trabalhadores.” E assim ele fez: humildemente voltou para sua casa.
 A PALAVRA de Deus que aquele pai era muito amoroso. Com certeza, todos os dias, ele se colocava à porta da casa, olhando na direção que o filho tomara quando partiu, na esperança de vê-lo retornar. Tanto é que, quando o rapaz apontou lá na estrada, ao longe, o pai avistou, e compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.
  Com certeza o coração daquele pai batia acelerado pela alegria e emoção de rever o filho que ele sabia estar perdido e temia que estivesse morto. O rapaz tentou falar o que ele tinha ensaiado.
   Conseguiu apenas dizer: “Pai, pequei contra o céu e perante ti; já não sou digno de ser chamado teu filho...”. Não conseguiu falar tudo o que tinha planejado, porque o pai, animadamente, o interrompeu, dizendo aos seus servos: Trazei, depressa, a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo, e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado; comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava perdido e foi achado, estava morto e reviveu. E começaram a alegrar-se. Vs 21-24.
AGORA VAMOS FALAR do outro rapaz, o irmão que ficou na fazenda com o pai. Diz a Palavra de Deus:
“Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo. E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado. Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado”.
Vemos aqui o descontentamento desse jovem. No caso do irmão mais novo o descontentamento o levou a desistir da vida que levava. Mas no caso do irmão mais velho, o descontentamento o levou a ser desleal.
  Ele se tornou uma pessoa fria, vingativa, desejoso de que seu irmão nunca mais voltasse. Ele mostrou ser desonesto, maldoso, quando disse a seu pai: “vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado”. Esta é uma atitude má e desleal, pois o filho mais novo não desperdiçou os bens do pai, mas seus próprios bens, tudo o que ele recebera como herança. Com a sua atitude e com essas palavras aquele irmão mais velho mostrou todo o seu descontentamento. Ele ficara na casa, mas não tinha comunhão com o pai. Prova disso é que ele chamou um empregado para lhe explicar o que estava acontecendo. Por que não foi direto perguntar ao pai? Porque não tinha comunhão com ele. Era filho, mas assumia atitude de empregado. Tinha tudo, mas não desfrutava de nada. Quantos estão assim também. Freqüentam a igreja, são crentes, mas não têm comunhão com o Papai do céu. Estão sempre pedindo oração, dependentes da oração dos outros, em vez de falarem diretamente com Deus. Quando se é filho, mas tomamos atitude de empregado não temos comunhão com o Pai, isso pode gerar descontentamento, levando a pessoa a uma vida de amargura. Passando mesmo a se tornar uma pessoa má, e desleal, ao ponto de desejar a morte do irmão.
AQUELE JOVEM  argumentou com o pai: “nunca me deste um cabrito para me alegrar com meus amigos”. Será que uma pessoa tão rancorosa, que não consegue amar o próprio irmão, tem algum amigo?
Ele era dono de tudo, mas vivia como se fosse pobre, miserável. Lembro-me de uma história que ouvi de certo rapaz que tinha o sonho de fazer um cruzeiro em um navio. Sabendo que era um investimento alto, durante muito tempo foi juntando algum dinheiro, até que conseguir o suficiente para comprar a passagem. Comprou, mas não sobrou dinheiro algum; mas resolveu viajar assim mesmo. Sua mão o ajudou, fez alguns pães pra ele levar; uma boa farofa de frango; preparou tudo o que era possível. Ele não podia perder aquela oportunidade de realizar seu sonho. O navio partiu em meio a júbilo dos passageiros e acenos dos que ficaram. Tudo era muito bonito, luxuoso, e o rapaz pobrezinho ali no meio. Na hora das refeições todos se assentavam à mesa e comiam com gosto. O rapaz se recolhia a um lugar escondido, abria a “matula” e também matava a sua fome. O passeio era longo. Passaram vários dias. Os mantimentos do rapaz estavam se estragando, outros se acabaram. Ainda bem que já estavam retornando. Quando estavam fazendo a última refeição antes de chegarem ao porto, continuava aquela abundância de alimentos na mesa, enquanto o rapaz, no seu canto conseguiu aproveitar algumas migalhas do que sobrou. Estava magro e enfraquecido de tanto passar fome em meio a tanta comida. De repente, uma pessoa que tinha feito amizade com ele no navio o viu, chegou perto e perguntou: “o que você está fazendo aí?”. O rapaz fez um gesto para ele pedindo silêncio, o chamou para perto de si e explicou sussurrando: “amigo, eu estou realizando um sonho, de fazer esse cruzeiro. Mas acontece que todo o dinheiro que eu tinha só deu a passagem, eu não tenho dinheiro para pagar esse banquete que eu vejo aqui todos os dias, por isso eu só como o que consegui trazer. Só que já acabou tudo e eu estou passando fome. Mas fazer o quê? Não tenho dinheiro algum...”. Aquele amigo ficou olhando o rapaz sem acreditar no que estava ouvindo. Depois falou: “Moço, que história mais doida é essa? Você passou fome à toa. Todas as alimentações, os banquetes, os coquetéis estão incluídos na passagem!”.
 TEM ALGUÉM aqui, que faz parte da igreja e está padecendo necessidade? Talvez seja esta a causa do seu descontentamento. Acredite, todas as bênçãos espirituais e materiais estão incluídas na “passagem”, na salvação que nos foi comprada por Jesus Cristo com o Seu precioso sangue.
AS PALAVRAS do apóstolo Paulo, em 1Tm 6.8 “Tendo, porém, sustento e que nos cobrirmos estejamos com isso contentes”. Amados, Deus quer que estejamos contentes em qualquer situação, mesmo nas adversidades. Mas é certo que Ele é rico, Ele tem o melhor dessa terra para cada um de nós. Animemos e tomemos posse de tudo aquilo que o Senhor tem para nós. O Senhor nos diz, em Is 1.19: “Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor dessa terra”. Seja na fartura ou na escassez não permitamos que sejamos assaltados pelo descontentamento. Os dois jovens da história estavam descontentes. O descontentamento do primeiro o levou a desistir da casa do pai, passando fome lá no mundo. Muitos, mesmo chamados por Deus, estão abandonando a igreja e se aventurando no mundo de pecados. Alguns conseguem voltar, como o rapaz pródigo, esbanjador. Mas quantos morrem lá no mundo, longe do pai e dos irmãos? Outros, dentro da igreja, estão descontentes, como aquele irmão mais velho. Ele tinha tudo, mas vivia como um empregado. O descontentamento o levou a ser desleal com o próprio irmão, desejando mesmo que ele morresse, ou que nunca retornasse para casa. Tenhamos intimidade com o nosso Papai do Céu. Ele é tudo de bom, ele tem o melhor para nós.
À LUZ DA PALAVRA DE DEUS é uma incoerência uma pessoa se dizer crente, comprado por Jesus, lavado e remido pelo Seu sangue e viver descontente. Se você está se sentindo assim, volte-se agora para Deus; Ele vai te dar um abraço de perdão, vai te revestir de graça e misericórdia; Ele vai fazer de você uma pessoa feliz, que realmente consegue vencer os obstáculos e permanecer alegre, pois “a alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8.1b)
Pastor Odimar, Igreja Renovação
publicado por irmão luiz
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